quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

UM JOYSTICK CHOCANTE

Nos anos 80, meu pai deu de presente de Natal um videogame Atari pra mim e meu irmão. A gente se divertiu muito uns bons anos com ele. No início dos anos 90, quando eu era adolescente,  pedimos um videogame novo e ganhamos um Dynavision 3. Os gráficos do Dynavision 3 eram mil vezes melhores do que os do Atari, os jogos então nem se fala.

Anúncio publicado na revista VIDEOGAME nº 5 (julho de 1991)

Os joysticks do videogame eram do tipo manche (a gente chamava de controle banana na época). Era massa demais jogar com aquele tipo de controle! O botão de tiro ficava num local que a gente precisava usar o dedo indicador pra apertar. Parecia aquele controle que os pilotos de aviões de guerra usam para disparar mísseis nos filmes. Era bom demais!

Joystick Turbo Jet Control - Dynavision 3

Este joystick tinha uma entrada para fone de ouvido, que ficava na parte de trás da base (veja na última das 3 fotos acima). Jogar ouvindo no fone de ouvido hoje é comum, mas na época era novidade. E agora a estória chega onde eu queria: um de nossos controles deu um problema e começou a dar choque na entrada do fone. A gente tava na maior empolgação jogando e quando as mãos começavam a suar, TOME CHOQUE! Eu e meu irmão levamos muito choque até descobrir um jeito de jogar sem sermos eletrocutados.

Depois disso, sempre que alguém ia jogar lá em casa, a gente dava o controle que dava choque. Muitos de nossos primos e amigos levaram choque do equipamento assassino. Um dia, um de meus amigos na época levou aquele choque, gritou e jogou o controle. Eu e meu irmão começamos a rir e falamos: "Shocker - 100.000 volts de terror!" e ele respondeu esfregando a mão eletrocutada: "100.000 volts de terror não. 100.000 volts de DOR!"


Daí por diante, demos o apelido de SHOCKER para o joystick assassino. Pra quem não sabe, Shocker - 100.000 volts de terror é um filme de terror lançado em 1989. Foi dirigido por Wes Kraven, o mesmo diretor dos filmes do Freddy Kruegger (A Hora do Pesadelo). No filme, um assassino adquire o poder de se movimentar pela rede de energia elétrica após sobreviver à eletrocução na cadeira elétrica. Acima, propaganda do filme quando foi exibido na Tela Quente da Globo.


domingo, 24 de dezembro de 2023

OS GÊMEOS XIFÓPAGOS


Tem certas coisas na vida que depois que vemos, não tem como "desver". Parece que as imagens de coisas fora do ordinário, se vistas durante a infância,
  nunca mais se apagam de nossa mente. Quando eu era moleque (em 1987), por exemplo, uma das coisas deste tipo que vi, pessoalmente, foram dois bebês gêmeos xifópagos.

Gêmeos são xifópagos quando nascem com alguma parte do corpo coladas um no outro. Eu tinha pouco mais de 10 anos, quando fiquei sabendo dos “meninos que nasceram grudados”. A casa onde eles estavam hospedados era pertinho da minha rua. Me juntei a um monte de outras crianças curiosas da vizinhança para ir ver os dois de perto.

Os pais deles eram pessoas humildes que vieram do interior da Bahia em busca de algum tipo de tratamento para o caso deles. Lembro que cada um de nós levou algum alimento não perecível, feijão, sal, açúcar, arroz, macarrão, para ajudar a mãe dos gêmeos. Tinha uma fila enorme pra ver os dois. As pessoas entravam em grupos, ficavam lá dentro alguns minutos e saíam.

O que vimos lá foi um choque para nossas mentes de criança. Observávamos as duas crianças grudadas, se movimentando e balbuciando como outras crianças da idade deles. Enquanto isso imaginávamos como eles deveriam mijar, cagar, mamar, como fariam para andar quando crescessem, estas coisas.

Nunca soube do desfecho do caso dos gêmeos xifópagos. Se eles fizeram ou não a cirurgia que os separaria um do outro.O caso saiu até em um jornal na época (Correio Braziliense) , que publicou um desenho que buscava reproduzir os gêmeos. O cara que desenhou decerto fez o desenho a partir de descrições que leu e/ou ouviu.